Timothy Alan Floyd

Uma aplicação da Hierarquia de Necessidades de Maslow aos alunos:

motivação na sala de aula de Religião

Um dos desafios mais frustrantes que os professores enfrentam é a falta de motivação dos alunos. Os professores dedicam anos em sua própria educação e horas em esforços e planejamento de aula para se conectar com seus alunos e despertar a curiosidade que impulsiona a aquisição e retenção de conhecimento, bem como o crescimento pessoal. Na maior parte do mundo, os professores se inscrevem em cursos de desenvolvimento profissional e workshops de como ser melhores professores, melhorar as práticas de ensino e transmitir conhecimentos de maneira mais eficaz. Os governos investem bilhões de dólares anualmente em programas de treinamento e consultores particulares,1 assim como as entidades que supervisionam os treinamentos nas escolas adventistas do sétimo dia.2 Em muitas partes do mundo, o desenvolvimento profissional está vinculado a promoções e aumentos salariais.3

Mesmo assim, com todo esse esforço, os professores ainda encontram alunos desmotivados para aprender. Pais, políticos e líderes educacionais às vezes culpam os professores por alunos com dificuldades. No entanto, há uma diferença entre alunos que estão realmente lutando por causa de desafios cognitivos e aqueles que estão simplesmente desmotivados. A maioria dos professores faz todo o possível para tornar a sala de aula um ambiente “motivador”, mas às vezes essas abordagens não conseguem motivar certos alunos devido a fatores além do controle do professor (ou seja, a saúde da criança, a influência dos colegas, o ambiente em casa ou na comunidade, guerra ou agitação civil, a psique e disposição da criança etc.). Isso não só pode frustrar o professor, mas também pode levar ao desânimo e a questionamentos sobre sua eficácia profissional e escolha de carreira. Além do impacto sobre o professor individualmente, a falta de motivação dos alunos pode afetar a reputação da escola e a credibilidade da instrução oferecida.

Motivação

De acordo com Lo, a motivação é um “estado interno que desperta, direciona e mantém o comportamento”.4 Muitos fatores influenciam a motivação das crianças, alguns dos quais são externos ao seu ambiente, enquanto outros são internos e se originam na psique da criança. Lavoie afirma que ninguém está verdadeiramente desmotivado; as pessoas sempre são motivadas por alguma coisa. Os professores podem descobrir as razões da falta de motivação fazendo perguntas como estas: “O que está motivando este comportamento?” ou “O que está atrapalhando a motivação desses alunos na direção que desejo?”5 Fazer perguntas pode ajudar a descobrir fatores extrínsecos e intrínsecos que estão afetando a motivação.

Forças extrínsecas que afetam a motivação

De acordo com Lo, a motivação extrínseca é “criada por uma força externa, como uma recompensa ou uma punição”.6 As recompensas podem incluir um privilégio ou mudança no status da sala de aula ou podem ser financeiras. As recompensas acadêmicas podem incluir notas altas ou uma média de notas que resulta do trabalho árduo do aluno para alcançar e ter sucesso na escola. Em algumas tradições religiosas, a “recompensa” é para o comportamento que é “baseado no trabalho” ou no mérito.

Na sala de aula de Religião, os alunos podem acreditar que seu bom comportamento pode ganhar o favor de Deus, e isso pode ser um forte motivador para os alunos se comportarem da maneira prescrita pela religião.7 À medida que os alunos aprendem as expectativas religiosas, eles geralmente se esforçam para atingir esses padrões na própria vida. No entanto, o resultado desejado nas aulas de religião é que os alunos percebam suas notas como indicadores de seu domínio do conteúdo, e não como uma medida de sua espiritualidade.

A motivação extrínseca também pode incluir o conceito de punição. Algumas tradições religiosas colocam uma forte ênfase no medo da punição na tentativa de manter um padrão de comportamento desejado (ou seja, o bom comportamento é recompensado; o mau comportamento é punido). Independentemente de quão precisa seja a teologia por trás da coerção, inevitavelmente alguns adeptos se comportam apenas para evitar a punição.

Outras forças motivacionais extrínsecas incluem pressão dos pais e competição social ou acadêmica. Os alunos geralmente desejam agradar aos pais e se esforçarão para ter sucesso a fim de fazê-los felizes. Isso geralmente é um fator cultural. Algumas culturas dão muito mais ênfase ao sucesso do que outras. Da mesma forma, a competição social pode ser um fator cultural. Os alunos podem estar motivados para o sucesso ou podem tomar a decisão de não tentar alcançá-lo com base no desempenho de seus colegas de classe. Os professores devem estar cientes dos vários aspectos da motivação extrínseca para que possam ajudar os alunos a alcançar o sucesso.

Forças intrínsecas que afetam a motivação

Os motivadores intrínsecos são forças que vêm de dentro de si e incluem o desejo de realização, satisfação pessoal e de encontrar um valor moral em algo. De acordo com Deci, Koestner e Ryan, a motivação intrínseca é mais eficaz do que a recompensa motivacional extrínseca. A pesquisa deles indicou que: “Recompensas tangíveis – tanto as materiais, como festas de pizza pela leitura de livros, quanto as recompensas simbólicas, como prêmios de bom aluno – são amplamente defendidas por muitos educadores e são usadas em muitas salas de aula, mas as evidências sugerem que essas recompensas tendem a minar a motivação intrínseca para a atividade recompensada [...] Em vez de focar em recompensas para motivar a aprendizagem dos alunos, é importante focar mais em como facilitar a motivação intrínseca.”8

Estudos mostram que os melhores motivadores são aqueles que vêm de dentro dos próprios alunos, não de forças externas.9 O desafio para os professores é como criar essa curiosidade e inspirar os alunos a querer saber mais. Na sala de aula de Religião, alguns desses objetivos podem ser alcançados concentrando-se na maravilha natural contida no estudo da religião; entretanto, para garantir que a classe forneça uma experiência educacional holística, o professor precisará gerenciar com habilidade as discussões em sala de aula e fornecer uma variedade de experiências relevantes.

A motivação intrínseca pode ser difícil de ser desenvolvida nas aulas de religião. Muitas vezes, os alunos estão imersos em suas crenças desde o nascimento, perderam a curiosidade e se surpreendem com a experiência de muitos novos crentes. Assim, o professor de religião enfrenta o desafio de manter os alunos engajados e interessados ao trabalhar com as mesmas crenças e histórias que muitos deles ouviram ao longo da vida.

Motivação no contexto das aulas de Religião

Na maioria das escolas adventistas, as aulas de Religião são ministradas por professores especialistas. No nível básico e elementar, a religião é geralmente ensinada por generalistas – professores que também fornecem instrução em outras áreas, como linguagem, ciências, matemática, história etc. No nível fundamental e no médio, embora os professores que ensinam Religião sejam geralmente certificados para lecionar a matéria, eles podem ter se formado em outras disciplinas; ou podem ter experiência como pastores ou capelães, mas nenhum curso pedagógico formal. No nível de faculdade e universidade, os professores de Religião são especialistas com, pelo menos, um título de mestre e créditos adicionais em religião ou teologia e treinamento em como ensinar religião.10 Este artigo é voltado para educadores que dão aulas de Religião no ensino médio e em níveis de graduação.

Na sala de aula de Religião há uma ênfase axiológica adicional, e os professores enfrentam desafios motivacionais adicionais, especificamente a pressão moral ética que vem da tradição religiosa da escola. Embora os professores de todas as disciplinas encontrem tópicos desafiadores e precisem considerar como abordá-los, os professores de Religião enfrentam esses tipos de desafios com mais frequência, visto que esta é a classe em que as perguntas sobre como interpretar o que a Bíblia diz surgem mais prontamente.

Na aula de Religião, os alunos podem se “desligar” se discordarem sobre a decisão do curso de tratar de um tema desafiador ou da apresentação do professor sobre o assunto. Esse “desligamento” é ainda mais provável se o aluno tiver fortes sentimentos ou objeções morais em relação ao assunto. Por outro lado, dependendo das atitudes e crenças dos pais dos alunos e da comunidade, os alunos podem estar mais motivados a se aprofundar em tópicos desafiadores. Essas atitudes são exemplos que explicam por que identificar fatores motivacionais na sala de aula de Religião é fundamental para um ensino eficaz.

Maslow e a motivação

Abraham Maslow, frequentemente considerado o principal estudioso da motivação, postulou que os seres humanos precisam se sentir seguros para aprender. Em seu trabalho original, Maslow identificou cinco necessidades básicas que impulsionam a motivação em cada ser humano (biológica e fisiológica, segurança, social, estima e autorrealização). Com o passar do tempo, ele adicionou necessidades cognitivas, estéticas e de transcendência à sua lista, perfazendo um total de oito necessidades (ver Figura 1) que influenciam e moldam a motivação em uma pessoa.11 Quando essas necessidades são satisfeitas, é mais provável que uma pessoa se torne motivada. Maslow apontou que essas necessidades estão inter-relacionadas e construídas umas sobre as outras em uma estrutura hierárquica. Se as necessidades mais básicas das crianças não forem atendidas, isso aumenta o desafio de motivá-las a aprender. A Hierarquia de Necessidades de Maslow fornecerá uma estrutura para grande parte da discussão a seguir. Somente entendendo e identificando as necessidades fundamentais dos alunos, os professores podem aprender como enfrentar os desafios da motivação de forma mais eficaz.

1. Necessidades biológicas/fisiológicas

As necessidades físicas (biológicas/fisiológicas) dos seres humanos incluem ar, comida, bebida, abrigo, sono e aquecimento. Se essas necessidades forem atendidas, é mais provável que o aluno seja receptivo ao aprendizado. Porém, se uma ou mais dessas necessidades não forem atendidas, o aluno terá mais dificuldade de se concentrar e se abrir para o processo de aprendizagem. Por exemplo, se um aluno está com fome ou cansado, ele pode não ser capaz de se concentrar ou pensar com clareza. Em muitos países, escolas públicas e privadas sem fins lucrativos recebem assistência do governo para fornecer refeições aos alunos para que a fome não impeça sua aprendizagem.12 Os professores cujas aulas imediatamente precedem o intervalo para o almoço precisam contextualizar as explosões dos alunos, conflitos, desatenção e outros comportamentos relacionados à fome durante esse período.

2. Necessidades de segurança

Todo aluno precisa se sentir protegido e seguro. As necessidades de segurança devem ser atendidas não apenas em casa, mas também na escola, na igreja e na comunidade. Infelizmente, as ameaças à segurança prevalecem em alguns desses lugares. Na maioria dos estados dos Estados Unidos, os professores devem ser relatores de suspeita de abuso infantil.13 E, em todas as salas de aula, os alunos devem sentir que as regras e limites estão firmemente estabelecidos para serem motivados a compartilhar informações ou opiniões. Os professores e administradores são responsáveis por garantir que os alunos estejam fisicamente seguros, e os alunos devem ser responsabilizados por seguir os procedimentos em sala de aula e cuidar uns dos outros.14 No entanto, a segurança envolve questões físicas e emocionais. Se um aluno não se sentir emocionalmente seguro em uma sala de aula, há uma grande chance de que ele se retire e evite compartilhar pensamentos ou opiniões. Estabelecer rotinas de sala de aula que criem interações positivas entre os alunos, criar uma atmosfera que acolha perguntas e ensinar a concordar e discordar são algumas maneiras pelas quais os professores podem garantir que os alunos vivenciem segurança emocional. Isso nos leva ao terceiro nível de necessidades.

3. Necessidades de pertencimento e amor

As necessidades sociais de Maslow incluem pertencimento, amor e aceitação. O autor e palestrante Leonard Sweet afirmou essa verdade humana quando disse que “as pessoas querem pertencer antes de acreditar; se não sentirem que pertencem, não vão querer acreditar.”15 Este conceito é especialmente verdadeiro em um contexto de uma sala de aula: Se o aluno não se sentir aceito, ele não se sentirá à vontade para expressar uma opinião em sala de aula e terá menos probabilidade de falar ou responder a perguntas. No entanto, se um aluno se sente aceito, amado e apreciado, é mais provável que ele se sinta motivado a se envolver e se engajar na aula. A sala de aula de Religião deve ser um local onde os alunos experimentem um sentimento de pertencimento, não só em termos de meio ambiente, mas também em termos de ser filho de Deus e de pertencer à família de Deus.

4. Necessidades de autoestima

A quarta necessidade na hierarquia de Maslow está relacionada à estima; isso inclui conquistas, autoconfiança e independência. Na sala de aula cristã, independentemente da área de estudo, os alunos podem experimentar os resultados tradicionais do sucesso acadêmico; no entanto, eles também podem experimentar sentimentos de autoconsciência ao conhecer e compreender suas crenças religiosas. Muitas atribuições baseadas em projetos podem ajudar os alunos a atender a essa necessidade, especialmente aquelas que envolvem atividades orientadas para o serviço. Além das atribuições, no entanto, essa necessidade é atendida por professores, administradores e funcionários que edificam os alunos com palavras de afirmação e atos de bondade, um ambiente acolhedor e estimulante e oportunidades para os alunos interagirem positivamente uns com os outros.

5. Necessidades cognitivas

Somadas à hierarquia de Maslow, da década de 1970, as necessidades cognitivas estão relacionadas ao desejo do indivíduo de saber e encontrar significado. De acordo com Maslow, os humanos experimentam curiosidade e sede de conhecimento.16 A necessidade de compreender é uma necessidade cognitiva que ocorre em todas as áreas disciplinares nas quais existem diferenças de opinião; no entanto, na sala de aula de Religião, perguntas não respondidas podem deixar os alunos insatisfeitos em sua busca por “entender” e ter um impacto de longo prazo em sua jornada de fé. Os professores precisam oferecer oportunidades para que os alunos façam perguntas, discutam ideias, estudem uma variedade de fontes e encontrem respostas. Muitas vezes, os professores deixam de lado as perguntas difíceis ou dizem: “isso não é importante agora” ou “você não deve fazer perguntas como essa”. Os alunos ficam mais protegidos se sentirem que o professor está interessado em suas perguntas, mesmo que não obtenham uma resposta direta. O fato de um professor dedicar tempo para ouvir e ajudar a orientar o aluno na solução de problemas, seja individualmente ou dentro da sala de aula, terá um significado extraordinário para ele.

6. Necessidades estéticas

As necessidades estéticas são atendidas por meio da contemplação da beleza encontrada na natureza, na poesia, na arte e na canção. Na igreja primitiva, muitas pessoas eram analfabetas. Para compensar isso, catedrais e igrejas foram construídas repletas de arte, como vitrais, pinturas e esculturas. Essa arte, e até mesmo a música, contava as histórias da Bíblia usando recursos visuais e auditivos. Os alunos de hoje precisam ser lembrados da beleza que é encontrada e que emerge das tradições religiosas. A sala de aula de Religião deve ser um lugar onde os alunos são ensinados a ver a beleza da religião, e isso pode ser feito por meio de colaboração interdisciplinar com professores de outras áreas, como música, arte, literatura e poesia, e por meio de atribuições e experiências de adoração que incorporem cada uma dessas áreas de conteúdo.

7. Necessidades de autorrealização

A autorrealização pode ser uma das necessidades mais significativas do aluno em relação à aula de Religião por causa do foco na mudança que o evangelho pode fazer na vida de cada pessoa. McLeod aponta uma diferença importante no trabalho de Maslow em comparação com outros teóricos de sua época: “Em vez de focar na psicopatologia e no que dá errado com as pessoas, Maslow formulou uma descrição mais positiva do comportamento humano com foco no que dá certo. Ele estava interessado no potencial humano e em como o realizamos [...] a motivação humana se baseia em pessoas que buscam realização e mudança por meio do crescimento pessoal.”17 A autorrealização é a busca por crescimento e realização pessoal. Maslow escreveu: “Mesmo que todas essas necessidades sejam satisfeitas, ainda podemos frequentemente (senão sempre) esperar que um novo descontentamento e inquietação se desenvolvam em breve, a menos que o indivíduo esteja fazendo o que é adequado para ele.”18

Em todas as aulas, os alunos devem ser ensinados a identificar e desenvolver seu potencial. Na aula de Religião, uma maneira de fazer isso é ajudar os alunos a identificar seus “dons espirituais,” disposições associadas a viver a vida cristã (1Co 12:7 e 28; Rm 12:6-8). Ao ensinar esses conceitos, o professor deve fornecer oportunidades para que os alunos desenvolvam e usem seus dons de maneira que sejam aplicáveis e relevantes à vida real, por meio de oportunidades de serviço voluntário, ministério pessoal e envolvimento comunitário.

8. Necessidades de transcendência

O nível final da hierarquia de Maslow é a necessidade de transcendência. Basicamente, isso pressupõe que uma pessoa que está totalmente satisfeita ajudará outras pessoas a atingir seu pleno potencial. Os professores de Religião podem oferecer oportunidades para os alunos compartilharem ou encorajarem outras pessoas por meio de exercícios de aprendizagem cooperativa ou projetos de serviço comunitário. Eles podem fornecer aos alunos exemplos de como um relacionamento com Jesus Cristo leva à realização e à transformação completa: a obra do Espírito Santo (2Co 5:17; Ez 36:26; Fp 1:6). No entanto, os professores só podem oferecer oportunidades para que os alunos alcancem todo o seu potencial; esta última meta deve ser algo que os alunos queiram alcançar por conta própria. Não é algo que possa ser imposto a eles.

Estratégias motivacionais para professores de Religião

Os professores de Religião podem usar várias estratégias motivacionais para envolver seus alunos. Além de demonstrar interesse em cada aluno, criando tarefas práticas com metas alcançáveis e estando cientes dos fatores extrínsecos e intrínsecos que afetam a motivação do aluno, os professores devem estar entusiasmados com seus alunos – eles precisam gostar de trabalhar com jovens, ser apaixonados por sua área de conteúdo e entusiasmados pela vida em geral.

1. Seja entusiasmado com seus alunos, com a matéria e com a vida em geral

A autora Ellen G. White declarou que “um importante elemento no trabalho educativo é o entusiasmo. [...] O professor em seu trabalho trata de coisas reais, e delas deve falar com toda a força e entusiasmo que sejam inspirados pelo conhecimento de sua realidade e importância.”19 Quando o professor está entusiasmado, é mais provável que seja aceito socialmente pelos alunos e que seja capaz de encorajar os alunos a se interessarem e se entusiasmarem com a vida e com o lugar que a religião terá na sua vida. Esse entusiasmo é intrínseco – deve vir de dentro, de um lugar de relacionamento com Cristo. Se o professor dá a impressão de que determinada lição é enfadonha ou irrelevante para ele, os alunos provavelmente também compartilharão dessa opinião. O professor deve estar animado e entusiasmado com cada lição, mesmo que seu conteúdo não seja particularmente estimulante.

Além disso, durante cada período de aula, o professor deve certificar-se de que demonstra entusiasmo ao cumprimentar os alunos e chamá-los pelo nome. Isso ajudará os alunos a saber que são conhecidos, aceitos, apreciados e valorizados pelo professor. Quando um professor entusiasmado mostra aos alunos que está motivado com a aula e com sua educação, os alunos, por sua vez, ficam mais inspirados a aprender.

2. Demonstre interesse genuíno em cada aluno

A expressão de interesse pessoal por um adulto especial ajuda a cumprir a necessidade do aluno de ser conhecido e aceito. Mostrar interesse em cada aluno permite que o professor se conecte com ele em um nível pessoal e holístico (por exemplo, o aluno se alimentou adequadamente hoje? Ele tem um lugar seguro para se abrigar e estudar? Ele está dormindo o suficiente?). Ellen White escreveu: “O verdadeiro educador, conservando em vista aquilo que seus discípulos podem tornar-se, reconhecerá o valor do material com que trabalha. Terá um interesse pessoal em cada um de seus alunos, e procurará desenvolver todas as suas faculdades. Por mais imperfeitos que sejam eles, acoroçoará todo o esforço por conformar-se com os princípios retos.”20

Pode-se mostrar interesse de várias maneiras.21 Por exemplo, os professores podem perguntar aos alunos sobre seu dia e fazer uma pausa para ouvir a resposta. Ao começar com uma conversa superficial, o professor pode ter uma ideia de como a vida de cada aluno está indo naquele momento. Após o estabelecimento de um relacionamento (geralmente por um período de tempo, por meio de demonstração de interesse autêntico e sincero), o professor pode então desenvolver uma amizade mais profunda com aquele aluno, por exemplo, fazendo perguntas sobre sua família ou lazer. Há muitas maneiras pelas quais um professor pode se interessar pela vida de um aluno, mas a bondade autêntica pode motivar um aluno a levar a sério o que o professor diz e querer aprender com ele.

3. Torne o trabalho prático e possível

Se os alunos perceberem que o trabalho de classe é relevante e aplicável a sua vida, eles terão maior probabilidade de experimentar níveis positivos de autoestima e realização cognitiva. Muitos professores de religião de nível médio também podem ensinar outras disciplinas ou ter outras obrigações na escola. Infelizmente, por causa disso, alguns professores dão muito “trabalho pesado”, em vez de atribuições com um propósito autêntico. A aula de Religião requer um planejamento rigoroso e atenção cuidadosa. Pensar o contrário é um erro. Os professores de Religião devem manter sua integridade profissional e compromisso com todos os seus deveres. Quando os alunos veem que são capazes de aprender e têm oportunidades de aplicar o que estão aprendendo por meio de experiências práticas, eles são mais propensos a acreditar que o material é realmente útil e ficam mais motivados a aprender.

4. Esteja consciente do ambiente da sala de aula

Se o ambiente não for favorável à segurança, atenção ou aprendizagem do aluno, o professor deve mudá-lo o mais rápido possível. Ele deve manter a ordem e a estrutura da sala de aula em relação às regras e limites para garantir que todos os alunos se sintam seguros para compartilhar suas informações e valorizados, atendendo, assim, às necessidades de segurança e pertencimento de cada um.

Os professores de Religião também devem considerar a incorporação de tecnologia e artes para ajudar os alunos a atender as suas necessidades estéticas. Permitir tempo para as anotações particulares em um diário, ou outras tarefas reflexivas pessoais pode ajudar a garantir que os alunos alcancem um crescimento pessoal durante o ano letivo. Isso dá aos alunos oportunidades de se atualizarem. Além disso, os professores de Religião precisam oferecer aos alunos oportunidades de servir seus colegas de classe e sua comunidade para ajudar a garantir o cumprimento de suas necessidades de transcendência.

Conclusão

A motivação é um estado interno que desperta, direciona e mantém o comportamento. Existem muitos fatores que moldam a motivação de uma criança, alguns dos quais são ambientais, enquanto outros vêm de dentro da criança. Se Lavoie estiver certo, que “as pessoas são sempre motivadas por algo”, então o desafio do professor de Religião é identificar quaisquer obstáculos à aprendizagem que possam existir no ambiente da sala de aula, bem como na vida de cada aluno. Os professores de religião têm o privilégio de nutrir, modelar e demonstrar o amor de Deus, mostrando aos alunos a alegria de um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. Se o professor de Religião se preparou, eliminou obstáculos ao aprendizado e estabeleceu que se preocupa com o aluno, há uma chance maior de que o aluno não apenas tenha sucesso, mas também obtenha um melhor entendimento do mundo ao seu redor.


Este artigo foi revisado por pares.

Timothy Alan Floyd

Timothy Alan Floyd, MS, é diretor do Ministério Jovem e de Jovens Adultos da Associação dos Adventistas do Sétimo Dia de Kansas-Nebraska, em Topeka, Kansas, Estados Unidos. Floyd é bacharel em Ciências de Educação Religiosa pelo Union College, em Lincoln, Nebraska, Estados Unidos, e mestre em Ciências de Currículo e Instrução pela Universidade de Scranton, na Pensilvânia, Estados Unidos. Ele é um professor certificado e tem vários anos de experiência como professor de Religião e pastor de jovens.

Citação recomendada:

Timothy Alan Floyd, “Uma aplicação da Hierarquia de Necessidades de Maslow aos alunos: motivação na sala de aula de Religião,” Revista Educação Adventista 83:2 (2021). Disponível em: https://www.journalofadventisteducation.org/pt/2021.83.2.3.

NOTAS E REFERÊNCIAS

  1. De acordo com Fertig e Garland, o “governo federal [dos Estados Unidos] dá aos distritos locais mais de US$1 bilhão anualmente para programas de treinamento” em escolas públicas. Ver Beth Fertig e Sarah Garland, Millions Spent on Improving Teachers, but Little Done to Make Sure It’s Working,” Hechinger Report (1o de junho de 2012). Disponível em: https://hechingerreport.org/millions-spent-on-improving-teachers-but-little-done-to-make-sure-its-working/.
  2. Nas escolas adventistas, as atividades de capacitação profissional são planejadas pelo diretor da escola local, frequentemente em colaboração com os departamentos de educação da Associação e União. Em muitos casos também são oferecidos estipêndios para educação continuada durante os meses de férias escolares e auxílio financeiro para estudos avançados. Plataformas on-line, como a Comunidade Adventista de Aprendizagem (Adventist Learning Community) fornecem aos professores acesso a cursos e treinamento durante todo o ano. Os códigos e manuais de educação estipulam os requisitos e condições de crescimento profissional para cada União ou departamento de educação da Associação. Veja, por exemplo, o Education Employment Manual, da Southern Union Conference of Education (2019). Disponível em: https://www.adventistedge.com/wp-content/uploads/2017/12/Education_Employment_Manual_Cover-and-Manual.pdf, 44-56; e Adventist Learning Community. Disponível em: https://www.adventistlearningcommunity.com/.
  3. Dos países de onde há dados disponíveis, 25 de 53 exigem desenvolvimento profissional para professores do ensino fundamental e médio, e 16 de 53 também exigem desenvolvimento profissional para promoção ou aumento de salário. Para obter mais informações, consulte Organization of Economic Development (OCDE), “Resources Invested in Education,” PISA 2015 Results (Volume II): Policies and Practices for Successful Schools (Paris: OECD Publishing, 2016), 196, 200. doi.10.1787/19963777.
  4. D. Lo, “Motivation.” Palestra ministrada para o curso de Psicologia Educacional Avançada da University of Scranton Online, Scranton, Pensilvânia, outubro de 2013.
  5. Richard Lavoie, The Motivation Breakthrough: Six Secrets to Turning on the Tuned-out Child (New York: Atria, 2008).
  6. Lo, “Motivation.”
  7. Vários autores adventistas escreveram sobre o tema de como ensinar religião de uma forma que abrace a graça e ajude os alunos a desenvolver um relacionamento saudável com Deus. Ver artigos de Gail Taylor Rice, “Teaching God’s Grace in Your Classroom,” The Journal of Adventist Education 61:2 (dez.1998/jan. 1999): 15-19. Disponível em: http://circle.adventist.org/files/jae/en/jae199861021505.pdf; V. Bailey Gillespie, “The Ministry of Bible Teaching,” ibid. 68:3 (fev./mar. 2006): 33-36. Disponível em: http://circle.adventist.org/files/jae/en/jae200668033304.pdf; e John Wesley Taylor V, “Teaching the Bible Class,” ibid. 80:1 (jan./mar. 2018): 43-45. Disponível em: http://circle.adventist.org/files/jae/en/jae201880014304.pdf.
  8. Edward L. Deci, Richard Koestner e Richard M. Ryan, “Extrinsic Rewards and Intrinsic Motivation in Education: Reconsidered Once Again,” Review of Educational Research 71:1 (março de 2001): 1-27. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/pdf/3516064.pdf?refreqid=excelsior%3Abffbea342bf21332d7e1505105383105.
  9. Deci, Koestner e Ryan, “Extrinsic Rewards and Intrinsic Motivation in Education: Reconsidered Once Again”; Haleh Yazdi, “How Educators can Foster Student Motivation,” Digital Promise (2016). Disponível em: https://digitalpromise.org/2016/08/18/how-educators-can-foster-student-motivation/; David Scott Yeager e Matthew J. Bundick, “The Role of Purposeful Work Goals in Promoting Meaning in Life and in Schoolwork During Adolescence,” Journal of Adolescent Research 24:4 (2009): 423-452. Disponível em: https://labs.la.utexas.edu/adrg/files/2013/12/Yeager-Bundick-2009-JAR.pdf; Maarten Vansteenkiste et al., “Motivating Learning, Performance, and Persistence: The Synergistic Effects of Intrinsic Goal Contents and Autonomy-supportive Contexts,” Journal of Personality and Social Psychology 87:2 (2004): 246-260. Disponível em: https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.90.1443&rep=rep1&type=pdf.
  10. North American Division Office of Education, PK-12 Educators’ Certification Manual (Columbia, Md.: North American Division Office of Education, 2021). Disponível em: https://nad-bigtincan.s3-us-west-2.amazonaws.com/leadership%20resources/administration/handbooks%20%26%20manuals/Certification-Manual.pdf; International Board of Ministerial and Theological Education (IBMTE), Handbook of Seventh-day Adventist Ministerial and Theological Education (Silver Spring, Md.: General Conference Department of Education, 2017). Disponível em: https://education.adventist.org/wp-content/uploads/2019/05/IBMTE-Handbook-2017-English.pdf.
  11. Abraham H. Maslow, “A Theory of Human Motivation”, Psychological Review 50: 4 (1943): 370-396. Embora tenha havido críticas à estrutura hierárquica de Maslow, especificamente de que o ser humano não se desenvolve de uma maneira linear conforme descrito pela pirâmide de necessidades, a estrutura fornece um guia para a consideração das necessidades básicas que, em última análise, devem ser atendidas para que um ser humano tenha sucesso. Para ler mais, considere o seguinte: Andrew A. Pfeifer, “Abraham Maslow's Hierarchy of Needs: A Christian Perspective”, Christ in the Classroom 21 (1998): 261-278. Disponível em: https://christintheclassroom.org/vol_21/21cc_261-278.htm. Para críticas adicionais em relação à hierarquia de Maslow e seu alinhamento com os princípios cristãos, consulte Jim A. McCleskey e Larry Ruddell, “Taking a Step Back - Maslow's Theory of Motivation: A Christian Critical Perspective”, Journal of Biblical Integration in Business 23:1 (outono de 2020): 6-16. Disponível em: https://cbfa-jbib.org/index.php/jbib/article/view/548/552.
  12. United States Department of Agriculture, “The National School Lunch Program,” (2017). Disponível em: https://fns-prod.azureedge.net/sites/default/files/resource-files/NSLPFactSheet.pdf. Ver também “Child Nutrition Programs,” (n.d.). Disponível em: https://www.fns.usda.gov/cn; Gwladys Fouché, “School Meals Around the World,” Guardian (30 de março de 2005). Disponível em: https://www.theguardian.com/education/2005/mar/30/schoolmeals.schools1; Clare Harper, Lesley Wood e Claire Mitchell, “The Provision of School Food in 18 Countries,” School Food Trust (2008). Disponível em: https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.654.9233&rep=rep1&type=pdf.
  13. Alicia Betz, “What It Means That Teachers Are Mandated Reporters” (2021). Disponível em: https://www.educationcorner.com/teachers-mandated-reporters.html#:~:text=In%20most%20states%2C%20teachers%20and,to%20the%20appropriate%20authorities%20immediately.
  14. Adventist Risk Management, “Safety Resources: Schools” (2021). Disponível em: https://adventistrisk.org/en-us/safety-resources/school-safety.
  15. Leonard I. Sweet, The Gospel According to Starbucks: Living With a Grande Passion (Colorado Springs, Colo.: Waterbrook Press, 2007).
  16. Abraham H. Maslow, Motivation and Personality (New York: Harper and Row, 1970).
  17. Saul McLeod, “Maslow’s Hierarchy of Needs―Simply Psychology” (acesso em 2020). Disponível em: http://www.simplypsychology.org/maslow.html.
  18. Maslow, “A Theory of Human Motivation.”
  19. Ellen G. White, Educação (Tatuí, SP.: Casa Publicadora Brasileira, 2003), 233.
  20. Ibid., 232.
  21. Veja Adam Fenner, “Building Relationships for Ministry to Online Students,” The Journal of Adventist Education 80:1 (jan.-mar. 2018): 30-34. Disponível em: https://www.journalofadventisteducation.org/en/2018.1.6; Javier Girarte Guillén, “Far Beyond the Virtual Classroom: The Power of Home Visitation,” 82:1 (jan.-mar. 2020): 30-33. Disponível em: https://www.journalofadventisteducation.org/2020.82.1.7.