Melhores Práticas no Trabalho | Scott Moncrieff • Anneris Coria-Navia

Como e por que começar um clube do livro para professores

De acordo com a especialista em pedagogia do ensino superior Maryellen Weimer: “a maioria dos professores não lê muito material pedagógico. Não se espera que aumentemos nosso conhecimento pedagógico no mesmo ritmo que buscamos o conhecimento em nossa área de atuação no ensino.”1 Assim, o desenvolvimento de professores no ensino superior requer um caminho específico. No primeiro semestre de 2015, uma funcionária da Andrews University (Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos), Anita Gonzalez, reconheceu essa necessidade e criou o Clube do Livro para Professores – CLP (FBC- Faculty Book Club), um grupo que se reúne três vezes por semestre para compartilhar uma refeição no restaurante e discutir sobre um livro que trate de algum aspecto da pedagogia do ensino superior. Os participantes também compartilham suas próprias experiências de ensino e trocam conselhos e suas reações com os colegas. Não são necessários relatórios dos participantes ao final do encontro, uma vez que o grupo se concentra geralmente no desenvolvimento de oportunidades de diálogo.

Os clubes do livro para professores (CLPs) são um tipo de Comunidade de Aprendizagem dos Professores (CAP) [FLC- Faculty Learning Community]. As pesquisas sobre os efeitos das CAPs têm se demonstrado extremamente positivas. Elas criam conexões para professores isolados, fomentam currículos multidisciplinares e ajudam a construir uma comunidade no ensino superior.2 Além disso, as CAPs são um processo efetivo pelo qual os educadores obtêm insights sobre suas práticas e aumentam sua capacidade de ensino, coesão do corpo docente, retenção de alunos e satisfação.3

As CAPs aumentaram o interesse do corpo docente pelo ensino, bem como pelo uso de pedagogia efetiva, melhoraram os resultados de aprendizagem dos alunos e ajudaram a promover bolsas de estudos voltadas para o ensino.4 Nós (os autores) concordamos com Parker Palmer que afirmou em A coragem de ensinar que “o crescimento de qualquer área depende da prática compartilhada e do diálogo honesto entre as pessoas que a praticam. Crescemos por tentativa e erro, com certeza, mas nossa disposição para tentar e fracassar como indivíduos é severamente limitada quando não somos apoiados por uma comunidade que incentiva tal risco.”5

Como uma instituição inovadora em processos formais de apoio ao corpo docente em suas responsabilidades de ensino, a Andrews University precisou encontrar maneiras de fornecer práticas contínuas, sustentáveis e de alto impacto, dentro de um orçamento limitado. Desde seu primeiro semestre, o CLP cresceu e tem funcionado dentro, ou próximo, de seu orçamento para 30 membros por vários semestres. A liderança do CLP foi transferida para a diretora do Centro de Excelência em Ensino e Aprendizagem, Anneris Coria-Navia, no segundo semestre de 2016, e, no primeiro semestre de 2017, os professores Coria-Navia e Scott Moncrieff, do Departamento de Inglês, colaboraram com uma pesquisa qualitativa para avaliar a efetividade do CLP em promover a autorreflexão sobre o ensino e as mudanças na prática docente.

Durante o primeiro ano, Gonzalez, Moncrieff e Coria-Navia viabilizaram o CLP da Andrews no outono e na primavera. A partir do segundo ano, professores de diferentes departamentos foram convidados a ajudar. Em nossa prática atual, os mediadores criam perguntas para discussão por meio do Google Docs. As perguntas de discussão servem como um trampolim para o debate, mas os participantes podem discutir outros tópicos relacionados à leitura atribuída. Os professores começaram a enviar recomendações de livros que queriam ler no CLP, e nós selecionamos os livros com base nessas recomendações.

Uma média de 25 professores têm se registrado voluntariamente para o CLP a cada semestre via EventBrite (uma plataforma on-line que permite que os indivíduos planejem e promovam eventos). A diretora do Centro de Ensino e Aprendizagem entrega o livro gratuitamente ao corpo docente registrado, e uma lista de e-mail é criada através do EventBrite para anúncios. Os professores frequentam o clube no dia designado e participam da discussão. Oferecemos três sessões no mesmo dia, com um líder designado para cada grupo, e o corpo docente pode participar de qualquer sessão que melhor se adapte à sua agenda, incluindo alternar grupos em um dia específico, se necessário. As discussões acontecem no restaurante, onde uma refeição gratuita é oferecida aos participantes. As sessões são realizadas de forma alternada – às segundas-feiras no segundo semestre do ano e às quintas-feiras no primeiro semestre – a fim de facilitar diferentes horários de ensino.

Uma discussão mais completa de nossa pesquisa é apresentada em um artigo que está em andamento, mas será suficiente dizer aqui que o CLP causou um impacto muito positivo em seus participantes em termos do que eles pensam sobre o ensino, bem como sobre a realidade prática em sala de aula. Também ficou claro em nossas entrevistas com os participantes que, sem uma estrutura formal de prestação de contas e engajamento, como um CLP, é muito menos provável que os professores leiam livros relacionados à pedagogia do ensino. O custo da instituição para essa atividade de desenvolvimento profissional é relativamente pequeno, cerca de 45 dólares por membro do corpo docente, por semestre, para o livro e as três refeições, um investimento modesto em comparação com os resultados encorajadores relatados pelos participantes. Acreditamos que o CLP representa um bom modelo de apoio contínuo e sustentável para professores.

No restante deste artigo, apresentamos breves descrições e reflexões pessoais sobre os livros que utilizamos para o CLP na esperança de que isso sirva de inspiração para outras instituições e também para dar aos educadores que estejam interessados em um ensino efetivo uma lista de livros excelentes a serem considerados para leitura. Embora estejamos discutindo esses livros em um contexto de educação de nível superior, a maioria das boas ideias sobre o ensino se aplicaria ou poderia ser adaptada a um cenário do ensino fundamental ao médio. Veja o quadro Recomendações para CLP do Ensino Fundamental ao Médio para mais ideias que atendam às necessidades desse contexto.

A coragem de ensinar, por Parker Palmer (Editora da Boa Prosa, 2012)

O aspecto mais marcante do livro de Palmer é que ele não apresenta lições diárias ou estratégias pedagógicas para o modelo da disciplina. Os princípios de A coragem de ensinar estão invariavelmente ligados aos temas da identidade, introspecção e comunidade como chave para a experiência bem-sucedida do professor. Os capítulos são construídos sobre o pressuposto subjacente de que as relações humanas são a forma mais poderosa, ainda que subutilizada, de apoio pessoal e profissional aos educadores.

Palmer explora a ironia do ensino: formamos relacionamentos com nossos alunos, mas, como membros do corpo docente, normalmente trabalhamos isolados uns dos outros: “Recursos que poderiam nos ajudar a ensinar melhor estão disponíveis a partir de cada um, se pudéssemos ter acesso a eles. Mas essa, claro, é a questão. A cultura acadêmica constrói barreiras ainda maiores e mais amplas entre nós professores do que entre nós e nossos alunos. Essas barreiras vêm em parte da competição que nos mantêm fragmentados pelo medo. Mas elas também vêm do fato de que o ensino é, talvez, a mais privatizada de todas as profissões públicas.”6

Palmer incentiva os leitores a se aprofundar no centro de quem eles são como indivíduos e professores. As perguntas que ele faz são pertinentes e relevantes para o trabalho que os professores realizam todos os dias e os ajudarão a ter uma ideia ampla sobre a razão pela qual ensinam.

Um novo princípio pedagógico no livro de Palmer é a ideia de uma educação centrada no sujeito. Muito semelhante a uma experiência que eu (Anneris Coria-Navia) tive recentemente com um colega que explicou que nós não “passamos” um conteúdo em uma disciplina, mas “revelamos ou descobrimos”, a ideia de que o sujeito, e não o aluno ou o professor, está no centro da educação é uma mudança semântica que tem me motivado a pensar profundamente sobre os grandes princípios nas disciplinas que leciono. Essa mudança é importante, pois estamos constantemente diante da retórica e do desafio, no nível institucional, de oferecer uma educação centrada no aluno. O livro de Palmer deixa o leitor querendo se envolver nas grandes questões de por que, como e o que ensinamos. Talvez, enquanto ponderamos e tentamos responder a essas perguntas, possamos recorrer ao apoio de colegas comprometidos em busca de respostas e da verdade. Este pode ser o ponto de partida do diálogo formativo e solidário entre educadores.

O que os melhores professores universitários fazem,7 por Ken Bain (Harvard University Press, 2004)

Bain pesquisou as melhores práticas de professores em mais de 100 instituições e as sintetizou em seu livro seminal. Por exemplo, Bain mostra como os melhores professores inspiram os alunos a fazer uma mudança de paradigma: do aprendizado para obter nota para um aprendizado pelo entusiasmo intelectual. Ele incentiva os professores a ajudar os alunos a discernir mais clara e objetivamente a arte e a erudição excepcionais, e não necessariamente o trabalho que ganhará a melhor nota. Bain sugere que os melhores professores em seus estudos exerceram uma influência constante, substancial e positiva sobre a maneira como os alunos pensam, agem e sentem.8

Em um segundo momento, durante algum tempo eu (Anneris Coria-Navia) ponderei a ideia de compartilhar o poder sobre os processos de tomada de decisão ao oferecer uma disciplina. Algumas das questões que tomavam meu pensamento centravam-se em quem controla e quem toma decisões sobre a aprendizagem e se os professores devem abandonar o poder e permitir que os alunos entrem no diálogo e assumam as rédeas da aprendizagem. Bain afirma que “confiar nos alunos também dependia de o professor rejeitar seu poder sobre eles. Os educadores que estudamos convidavam as pessoas a perseguir metas ambiciosas e prometiam ajudá-las a alcançar essas metas, mas deixavam os aprendizes no controle de sua própria educação.”9 Bain também apresenta alguns princípios sobre como isso pode ser construído. Uma ideia que ficou comigo foi a linguagem do plano de ensino. Bain sugere que esse plano deveria ser um convite para uma festa, em vez de uma coleção de regras e regulamentos. Em cada uma das minhas disciplinas no curso de Educação, uso um pequeno trecho que descreve esse princípio e convido os alunos a se envolver comigo no planejamento do curso durante as duas primeiras semanas de uma disciplina, no semestre. Os alunos apreciam a oportunidade de fornecer comentários e opiniões, e o documento é aprimorado por suas ideias e contribuições. Este livro oferece uma boa combinação de grandes ideias e estratégias práticas.

Deixando a tribuna: a aprendizagem cooperativa e os primeiros dias críticos dos alunos ao trabalhar em grupos,10 por Dean A. McManus (Anker, 2005)

McManus relata que a transformação de suas práticas pedagógicas, passando de palestra para aprendizado cooperativo, resultou de sua insatisfação profissional.11 Embora aparentemente bem-sucedido no ensino, ainda mais como especialista no campo da oceanografia, McManus não encontrava alegria em ensinar pois mal atendia às expectativas desse trabalho. Apesar de aparentemente bem em sua carreira, depois de uma conversa “franca” com os alunos, ele percebeu que, para que um aprendizado de primeiro nível ocorresse, ele teria de mudar a maneira como havia estruturado suas aulas por décadas.

Ele detalha as mudanças que fez e as tentativas e erros do processo, mostrando o tempo todo como pesquisas sobre o tema do ensino e aprendizagem respaldaram (ou não) suas decisões. Embora em grande parte focado em apenas uma estratégia de aprendizado cooperativo (o “quebra-cabeças”), o processo de mudança e a honestidade e transparência com as quais ele considerou “deixar a tribuna” tornam o livro de McManus interessante e valioso. Com McManus e alguns dos recursos que ele fornece como guia, um professor ambicioso poderia fazer um novo projeto para aproveitar a aprendizagem cooperativa.

Fixe o conhecimento: a ciência da aprendizagem bem-sucedida, por Peter C. Brown, Henry L Roediger III e Mark A. McDaniel (Editora Penso, 2018)

Fixe o conhecimento categoriza e resume vários estudos experimentais sobre como as pessoas aprendem de forma mais eficaz. O primeiro capítulo, “A aprendizagem é malcompreendida”, critica algumas estratégias de aprendizado ineficazes, mas amplamente utilizadas, como a releitura e a “prática massificada” (fazendo a mesma coisa repetidamente para aumentar a fluência). Em vez disso, os autores argumentam que um papel do aprendiz mais ativo na “recuperação”, como “questionários simples e autotestes, prática de espaçamento de horários de estudo intercalando a prática de tópicos ou habilidades diferentes, mas relacionados, tentando resolver um problema antes de a solução haver sido ensinada [e] destilando os princípios ou regras subjacentes que diferenciam os tipos de problemas”12 são formas mais eficazes e empiricamente testadas de melhorar a retenção e a profundidade da aprendizagem.

Fixe o conhecimento deve ajudar os professores a eliminar estratégias ineficazes de aprendizagem em sala de aula e substituí-las por outras melhores. Por exemplo, eu (Scott Moncrieff) mudei a estratégia de questionários para a minha disciplina de Teoria Literária no semestre passado. Ao descobrir quão importante é a revisitação constante do conteúdo para o aprendizado do aluno, não deixei mais de dar meu teste semanal. E como eu estava mais ciente da necessidade de os alunos continuarem revisando o material previamente estudado, passei a dedicar de um terço à metade do teste de cada semana ao conteúdo do início do semestre. Também tentei apresentar regularmente perguntas integradoras ou comparativas para exigir que os alunos sintetizassem o material atual com o material anterior.

É extremamente benéfico para os professores ter informações sobre quais estratégias são mais eficazes para melhorar o aprendizado dos alunos para que o plano do curso possa se alinhar a melhores práticas. Isso melhora a confiança e o sucesso de professores e alunos. Os professores podem dizer aos alunos: “Estou ensinando dessa maneira ou exigindo que você faça isso porque esta é uma maneira comprovada de melhorar seu aprendizado.” Fixe o conhecimento é um ótimo livro para essa finalidade.

Aprendizado simples: lições diárias da ciência da aprendizagem,13 por James Lang (Jossey-Bass, 2016)

Lang usa humor, franqueza e linguagem clara para dar vida a estratégias que, embora aparentemente simples à primeira vista, podem causar um impacto significativo na aprendizagem dos alunos. Um dos aspectos mais eficazes da abordagem de Lang é que a maioria das estratégias não exige uma reformulação do curso, mas pode ser integrada à lição do dia seguinte. A leitura do índice de conteúdos é suficiente para contextualizar o lugar dessas estratégias e seu lugar no nosso trabalho como educadores. As palavras do título de cada capítulo representam sua essência: “Prevendo”, “Autoexplicando” e “Motivando”.

O trabalho de Lang está intimamente ligado aos princípios discutidos no Fixe o conhecimento. Além de terem preços acessíveis, é muito útil ler esses dois livros. (O total do Kindle para ambos os livros é inferior a 30 dólares).

O último terço do livro de Lang se concentra em inspirar os alunos. De particular importância é a recomendação de que nos concentremos em “infundir a aprendizagem com um senso de propósito e, especialmente, um propósito autotranscendente”.14 Lang cita uma pesquisa que mostra que “as mais poderosas formas de propósitos surgem quando os alunos veem a habilidade de aprender para transformar o mundo num lugar melhor”.15

Aprendizado simples influenciou a maneira como eu (Anneris Coria-Navia) explico por que fazemos as coisas na sala de aula. Ele ajuda os alunos a saber que, quando você está fazendo testes simples, duas ou três vezes por período de aula, não é apenas para ver o que eles não sabem, mas para avaliar o que precisa ser enfatizado ou reaprendido para retenção de longo prazo. Meus alunos também gostaram de ser incentivados a pensar profundamente sobre o desenvolvimento de motivação intrínseca para aprender e se engajar com os materiais do curso e do mundo. Os alunos valorizaram o conhecimento do “porquê” e também têm estratégias que os ajudam a estudar melhor e a se envolver mais plenamente com o curso e seus colegas. As pequenas mudanças de Lang podem fazer uma grande diferença no aprendizado dos alunos.

O ensino e a imaginação cristã,16 por David I. Smith e Susan M. Felch (Eerdmans, 2016)

Este livro, escrito por professores do Calvin College, é a primeira abordagem explicitamente cristã para o ensino superior que usamos no CLP (2º semestre de 2017). Os autores falam sobre como, em todos os campos, incluindo ciência, negócios etc., nós constantemente estruturamos nossa compreensão através da imaginação e do uso de metáforas, como nas inúmeras imagens de batalha que usamos para “lutar contra” uma doença. Assim, eles se propuseram a usar três metáforas de grande capacidade para enquadrar as possibilidades de ensinar a partir de uma perspectiva cristã: participar de uma jornada ou peregrinação, cuidar de um jardim e erguer um prédio.

Cada metáfora é examinada em vários contextos e várias nuances ao longo dos capítulos. Por exemplo, a seção de peregrinação identifica a linguagem de viagem que usamos em contextos educacionais, como “cobrindo muito terreno”, “ficando para trás”, “continuando no trilho”, ficando “preso numa rotina” e dando o conteúdo “passo a passo,”17 seguido de discussões sobre o destino final ou objetivo da jornada, a relação do professor com o aluno, a diferença entre turistas e peregrinos e a relação da jornada de cada dia com uma visão geral da viagem. Examinar a prática da própria sala de aula através de toda essa linguagem de viagem definitivamente ajuda a repensar para onde se vai e como alguém poderia gostar de viajar de maneira diferente no futuro. Por exemplo, o capítulo “O que sustenta a jornada?” examina o que refresca e renova tanto o aluno quanto o professor durante os rigores da viagem ao longo do semestre; e, para o professor, anos e anos de um semestre após o outro. Uma das maneiras pelas quais meu entusiasmo e interesse pelo ensino são reavivados é a leitura de livros como este, que me faz pensar nos propósitos mais amplos do que eu (Scott Moncrieff) estou fazendo ao usar novas perspectivas e ver como elas podem adiantar o que devo fazer de uma aula para outra.

Garra: o poder da paixão e da perseverança, por Angela Duckworth (Editora Intrínseca, 2016)

Não costumamos ler um best-seller do New York Times no CLP, mas esse é o caso aqui. Duckworth, uma psicóloga da Universidade da Pensilvânia, define garra como uma combinação de paixão e perseverança. Suas inúmeras histórias e descrições de pesquisas vão inspirar e instruir qualquer um que queira se aproximar de seu potencial. O livro é dividido em três seções: “O que é garra e por que ela é importante”; “Desenvolvendo a garra de dentro para fora” (ou seja, por conta própria); e “Desenvolvendo a garra de fora para dentro” (isto é, em um contexto de equipe).

A leitura desse livro em um contexto de educação superior é útil em termos de orientação acadêmica. O capítulo 8, “Propósito”, apresenta uma excelente discussão sobre como descobrir e desenvolver seu chamado. Mas o livro como um todo também será útil para ajudar os professores a expressar efetivamente aos alunos o papel que o esforço desempenha no aprendizado e na realização. Há alguma sobreposição significativa entre a “garra” de Duckworth e a famosa “mentalidade de crescimento” de Carol Dweck,18 e Duckworth se baseia explicitamente em Dweck em seu capítulo intitulado “Esperança”, mas eu (Scott Moncrieff) vejo esses livros como complementares, e não redundantes.

Embora o livro não seja explicitamente cristão, ele é muito apropriado às aplicações cristãs. A própria paixão de Duckworth é usar a “ciência psicológica para ajudar as crianças a prosperar”,19 e ela fala consistentemente sobre como a nossa garra pode ser usada não apenas para realização pessoal, mas também para beneficiar outras pessoas. O melhor de tudo, embora algumas pessoas possam ter naturalmente “mais garra” que outras, é que Duckworth cita inúmeros exemplos para ilustrar que todos nós podemos aumentar nossa garra. Na semana seguinte à leitura do livro, tive “mais garra” em duas ou três ocasiões apenas porque disse para mim mesmo: “Você não pode mostrar um pouco mais de garra?”

Neste momento, o CLP é um programa bem estabelecido na Universidade Andrews e atende a uma necessidade inegável de professores que querem discutir e melhorar seu ensino e se expor a novas e desafiadoras ideias sobre como ensinar melhor. Já selecionamos os líderes e os livros de discussão para o próximo ano (2018-2019), que se concentrarão em capitalizar os pontos fortes da diversidade. No segundo semestre de 2018, leremos Desunião em Cristo: descobrindo as forças que nos separam (Disunity in Christ: Uncovering the Forces That Keep Us Apart), por Christena Cleveland (InterVarsity Press, 2013) e, no semestre seguinte, Promessa de diversidade para o ensino superior: fazendo-a funcionar (Diversity’s Promise for Higher Education: Making It Work), por Daryl G. Smith (Johns Hopkins University Press, 2009).

Este artigo foi revisado por pares.

Scott Moncrieff

Scott Moncrieff, PhD, é professor de Inglês na Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos. Ele obteve seu doutorado na Universidade da Califórnia, em Riverside, Califórnia, Estados Unidos, e é especialista em Literatura Vitoriana. Publicou e fez apresentações sobre os novelistas Jane Austen, Charles Dickens, George Eliot e Anthony Trollope. O Dr. Moncrieff já escreveu para a Revista sobre como lidar com conteúdos difíceis dos romances e filmes. Ele também já escreveu sobre atitudes adventistas em relação à ficção e revisou muita literatura adventista para a Adventist Review.

Anneris Coria-Navia

Anneris Coria Navia, EdD, é reitora associada e diretora do Centro de Ensino e Aprendizagem da Andrews University, em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos. Ela pesquisa as escolas adventistas do sétimo dia de educação básica, o desenvolvimento profissional em instituições de artes liberais no ensino superior e o ensino eficaz na sala de aula do ensino superior. A Dra. Coria-Navia tem experiência de ensino em ambientes da educação básica e ensino superior e atualmente é colíder da Higher Ed Adventist Society (Sociedade Adventista da Educação Superior), uma plataforma hospedada pela Comunidade de Aprendizagem Adventista que promove a conexão interinstitucional e a colaboração entre professores da Divisão Norte-Americana.

Citação recomendada:

Scott Moncrieff and Anneris Coria-Navia, “Como e por que começar um clube do livro para professores,” Revista Educação Adventista 46:1 (Abril–Junho, 2018). Disponível em https://www.journalofadventisteducation.org/pt/2018.4.7.

NOTAS E REFERÊNCIAS

  1. John C. Bean, Engaging Ideas: The Professor's Guide to Integrating Writing, Critical Thinking, and Active Learning in the Classroom (Hoboken, N.J.: Wiley, 2011), Foreword.
  2. Milton D. Cox, “Introduction to Faculty Learning Communities: New Directions for Teaching and Learning,” Building Faculty Learning Communities 97 (maio de 2004):5-23.
  3. Diane R. Wood, “Narrating Professional Development: Teachers’ Stories as Texts for Improving Practice,” Anthropology and Education Quarterly 31:4 (dezembro de 2000):426-448.
  4. Cox, ibid.
  5. Parker J. Palmer, The Courage to Teach: Exploring the Inner Landscape of a Teacher’s Life (San Francisco: Jossey-Bass, 1998, 2007):148.
  6. Ibid., p. 146.
  7. Título original: What the Best College Teachers Do.
  8. Ken Bain, What the Best College Teachers Do (Cambridge: Harvard University Press, 2004):74.
  9. Ibid.
  10. Título original: Leaving the Lectern: Cooperative Learning and the Critical First Days of Students Working in Groups.
  11. Dean A. McManus, Leaving the Lectern: Cooperative Learning and the Critical First Days of Students Working in Groups (Boston: Anker Pub., 2005):4-6.
  12. Peter C. Brown, Henry L. Roediger, and Mark A. McDaniel, Make It Stick: The Science of Successful Learning (Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 2014):21.
  13. Título original: Small Teaching: Everyday Lessons from the Science of Learning.
  14. James M. Lang, Small Teaching: Everyday Lessons From the Science of Learning (San Francisco: Jossey-Bass, 2016):174.
  15. Ibid., p. 175.
  16. Título original: Teaching and Christian Imagination.
  17. David I. Smith e Susan M. Felch, Teaching and Christian Imagination (Grand Rapids, Mich.: William B. Eerdmans Publishing Company, 2016):71.
  18. Carol S. Dweck, Mindset: The New Psychology of Success (New York: Ballantine Books, 2016).
  19. Angela Duckworth, Grit: The Power of Passion and Perseverance (New York: Scribner, 2016):159.
  20. Título original: Creating Significant Learning Experiences: An Integrated Approach to Designing College Courses.
  21. Título original: Engaging Ideas: The Professor's Guide to Integrating Writing, Critical Thinking, and Active Learning in the Classroom.
  22. Título original: How Learning Works: Seven Research-based Principles for Smart Teaching.
  23. Título original: Teaching Naked Techniques: A Practical Guide to Designing Better Classes.
  24. Título original: Tools for Teaching.